quinta-feira, 11 de novembro de 2010

amor de trepadeira

perdi a conta de quantas vezes
me entreguei inteira por amor
e acabei com aquele sorriso
amarelo que desbota folhas
mortas e imprestáveis
para fotossíntese

embotado sonho do bem querer
desarma e ilude verde-flora
desabrocha no perfume doce
trepa como quem ama e rouba
jogando sementes daninhas
ao chão estéril do engano

como me sufoca a dádiva
o mais sarcástico castigo
é ter outro ser apossado
em minhas largas copas
esqueço-me caule e raiz
e jaz apenas sombra no mato

Um comentário:

  1. Que belo jardim!!
    Encanta(dores), os versos
    plantados por aqui:
    (de)flores minha alma!

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